Empresas brasileiras têm recorrido a hackers éticos para buscar brechas em sistemas

Para se proteger de ataques cibernéticos, grandes empresas como Nubank, C6, TIM e OLX estão aderindo a uma tendência mundial e procurando "caçadores de recompensa" para invadir seus sistemas. O objetivo é encontrar falhas ou vulnerabilidades que possam ser a porta de entrada para criminosos roubarem ou "sequestrarem" dados, o que implica prejuízos milionários para as companhias. 

Chamados de "bug bounty", os programas de premiação envolvem plataformas com milhares de especialistas, conhecidos como "hackers do bem" ou "hackers éticos". Esses profissionais têm a missão de vasculhar os sistemas das empresas e encontrar pontos fracos de forma legal. Se conseguirem furar a segurança da companhia, recebem recompensas de até R$ 15 mil no Brasil — no exterior, os valores são bem maiores, podendo superar US$ 100 mil, dependendo da descoberta. 

Por aqui, esses programas ainda enfrentam uma certa desconfiança dos empresários, que temem ficar mais vulneráveis. Mas, com o crescimento da digitalização durante a pandemia e a consequente multiplicação de ataques cibernéticos, muitas empresas tiveram de buscar novas alternativas. O Nubank, por exemplo, acaba de lançar seu programa com recompensas que começam a partir de US$ 150. 

— Segurança é um dos pilares da nossa operação desde o primeiro dia da empresa — diz o gerente de Engenharia de Segurança de Informação do banco, Rodrigo Santos. 

Ele conta que, no ano passado, a instituição já havia iniciado um teste sem remuneração com Hacker One — uma das maiores plataformas de bug bounty do mundo. Nesse teste, foram reportadas 15 falhas consideradas válidas. 

No programa atual, a empresa optou pela modalidade privada, em que há a escolha de uma quantidade de profissionais para buscar as vulnerabilidades do sistema. Na modalidade pública, qualquer especialista da comunidade de hackers pode fazer os testes. 

— Como essa cultura ainda não está totalmente difundida no Brasil, as empresas ficam com receio e entram mais leve nos programas — diz o fundador da BugHunt, Bruno Telles, diretor operacional da plataforma brasileira. 

Criada em março de 2020, a empresa tem cerca de 7 mil hackers inscritos e 25 programas ativos. Telles diz que os programas de recompensa estão apenas começando no Brasil, mas devem ganhar tração nos próximos anos com o avanço da digitalização. Além de empresas privadas, os governos também devem começar a aderir essa solução como forma de se protegerem contra cibercriminosos.

Aumento de ataques

De acordo com relatório da Fortinet, empresa de segurança digital, só no primeiro semestre deste ano, o Brasil sofreu cerca de 16,2 bilhões de tentativas de ataques virtuais. O País é o quinto com maior número de ransomware — ataque virtual em que o criminoso só libera o acesso ao sistema por meio de pagamento de um resgate —, conforme dados da consultoria Roland Berger. E os problemas não se restringem a apenas um setor. Tem sido generalizado.

— A melhor forma de se proteger é testar suas falhas. Normalmente tenho um time interno para fazer esse tipo de trabalho, mas agora também posso contar com hackers do mundo inteiro — diz José Santana, responsável pela área de segurança da informação do C6 Bank. 

O programa de bug bounty do banco tem 842 pesquisadores (hackers) autorizados a ficar de olho em qualquer furo que o sistema do banco possa ter.

Desde que adotou a solução, em 2019, a instituição já pagou cerca de US$ 25 mil (R$ 136 mil) de recompensas, sendo uma média de US$ 696 (R$ 3,8 mil) por premiação. Santana explica que, se a recompensa for muito baixa, poucos hackers vão se interessar pela oportunidade, uma vez que os testes podem demorar.

— A remuneração maior, de fato, atrai mais gente, mas tem aqueles que querem ganhar pontos para subir no ranking dos que mais encontram falhas. Esses aceitam valores menores — diz Telles. 

Os pagamentos seguem uma tabela de gravidade dos problema. Quanto mais crítico, mais alta é a recompensa.

Tecnologia

Nos Estados Unidos, esse é um mercado de milhões de dólares. Gigantes, como Google e Apple, têm programas que oferecem US$ 1 milhão para quem conseguir fazer um ataque nos seus sistemas de segurança. Em 2017, só o Google pagou US$ 3 milhões em programas de segurança. 

— Acredito que os programas de bug bounty trazem, de fato, um perfil independente (para a análise dos sistemas). Só vejo vantagens — diz o diretor de tecnologia da OLX Brasil, Raúl Rentería. Na avaliação dele, com essa solução, a empresa consegue ter acesso a profissionais que estão fora do dia a dia da companhia e que conseguem ver outras vertentes do problema.

Só neste ano, os hackers reportaram 32 bugs no sistema da OLX. Desses, 17 foram aprovados ou estão em revisão. As recompensas da empresa podem chegar a R$ 10 mil, dependendo do nível da falha. Ele conta que a empresa tem funcionários internos que também testam os programas de segurança do grupo. 

— Mas esse olhar de fora, que caça falha em tudo quanto é canto, é importante. 

Esse olhar externo fez Manoel Abreu Netto, de 37 anos, reportar mais de 300 relatórios com falhas e vulnerabilidade no sistema de várias empresas. Ele não gosta de falar os valores, mas diz ser vantajoso. Ele atua como "hacker do bem" há três anos.

Formado em Ciência da Computação, Netto divide seu tempo entre um emprego na administração pública e as plataformas de bug bounty. Já ganhou três desafios internacionais de vulnerabilidade em sistemas que lhe renderam três viagens para Argentina e Estados Unidos.  

Fonte: Jornal Digital GZH

Continue acompanhando nossas redes sociais! E para saber como podemos ajudar na reversão de uma sentença desfavorável em ações legais, entre em contato conosco e garanta o sucesso no seu processo judicial.

Blog do Grupo

Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
M&A12/11/2024

Como garantir o sucesso em M&As com compliance de riscos

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Perícia Judicial08/11/2024

Estratégias poderosas para vencer no judiciário

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Segurança05/11/2024

10 dicas infalíveis para se proteger de golpes virtuais

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Perícia Judicial01/11/2024

Estratégias eficazes para enfrentar laudos periciais desfavoráveis

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Tecnologia29/10/2024

As 5 Maiores Tendências Tecnológicas para 2025

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Segurança25/10/2024

A Segurança Cibernética na Era da IA e da Nuvem Híbrida

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Segurança22/10/2024

Desmistificando a venda de software: realidade vs. expectativa

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Tecnologia15/04/2024

Sthefano Cruvinel é Destaque em Entrevista na TV Record: Os Reais Objetivos das Gigantes Tecnológicas

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Tecnologia13/04/2024

Entrevista Exclusiva: Sthefano Cruvinel Amanhã 14/04, na TV Paranaíba afiliada da Rede Record

Ler mais Ler Mais
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
empreendedorismo22/03/2024

CEO DINNER: Sthefano Cruvinel em Uma Noite de Inspiração e Networking com a Amcham

Ler mais Ler Mais
Empreendedor e Auditor Sthefano Cruvinel Transforma o Mundo dos Negócios com a Evidjuri
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
empreendedorismo25/11/2023

Empreendedor e Auditor Sthefano Cruvinel é Destaque na TV Record

Ler mais Ler Mais
Chat GPT: A utilização da Inteligência Artificial
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Inteligência Artificial26/06/2023

Chat GPT: A utilização da Inteligência Artificial

Ler mais Ler Mais
Segurança nas Compras Online: Proteja-se de Golpes e Fraudes
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Segurança10/05/2023

Sthefano Cruvinel é Destaque na TV Globo com Dicas Essenciais Para Compras Online

Ler mais Ler Mais
A abordagem estratégica da Evidjuri para a produção de evidências com rendimento de 90% + taxa de sucesso
Grupo Cruvinel Grupo Cruvinel
Foco em resultados22/12/2021

Entrevista Exclusiva na Band: Sthefano Cruvinel Revoluciona o Sucesso Judicial com a Evidjuri

Ler mais Ler Mais
Imagem Whatsapp